Notícia

16/08/2011

Saída possível

Oferta de cursos gratuitos em graduações de baixa demanda pode ser alternativa para a crise e a queda nos ingressantes. Mas é preciso atenção à qualidade e à imagem Rodolfo C. Bonventti de : http://revistaensinosuperior.uol.com.br/

Saída possível
Oferta de cursos gratuitos em graduações de baixa demanda pode ser alternativa para a crise e a queda nos ingressantes. Mas é preciso atenção à qualidade e à imagem

Rodolfo C. Bonventti

A oferta de cursos gratuitos por instituições de ensino superior privadas tem ganhado espaço na mídia recentemente. Mais do que uma estratégia de marketing, a abertura de turmas sem pagamento de mensalidades em cursos de baixa demanda também pode ser uma decisão de gestão que, de quebra, atrai os melhores alunos para a instituição.

Ainda pouco disseminada (três instituições paulistanas e uma carioca têm cursos gratuitos), a estratégia pode ser uma boa opção, principalmente no cenário de crise internacional e estabilização do número de ingressantes no ensino superior.
Para consultores do mercado, pode ser mais vantajoso manter um ou outro curso gratuito, que normalmente são graduações com pouca demanda, do que oferecer bolsas em outros cursos que podem representar maior dispêndio de recursos financeiros no volume final por parte da própria instituição, que, evidentemente, é quem acaba pagando a conta.

"Normalmente esses cursos são da área de Humanas, de foco mais genérico e com baixa procura. Mas, para a instituição, vale a pena bancar a gratuidade e mantê-lo em evidência, já que se um determinado curso não conseguir formar turmas de ingressantes por dois ou três anos consecutivos em processos seletivos, a sua avaliação perante o Ministério da Educação pode ficar comprometida", explica a doutora em Educação Marisabel Ribeiro, ex-integrante do Conselho Estadual de Educação e atualmente docente da ESPM e diretora de desenvolvimento da Right Management.

O perigoso, segundo Marisabel Ribeiro, é se a qualidade dos cursos e dos professores não for mantida. "Se a instituição perder o olhar da qualidade só porque o curso é gratuito e focar apenas a questão mercadológica do seu ato, aí a tendência é que o mercado lhe dê uma resposta cruel e exija que ela melhore a sua imagem rapidamente ou então não vai conseguir absorver os profissionais formados por esses cursos", reflete.

Laerte Leite Cordeiro, presidente da Laerte Cordeiro Consultores em Recursos Humanos, concorda. "Não há nada de mal em utilizar qualquer tipo de estratégia para conquistar novos alunos desde que a contrapartida seja oferecida, ou seja, o curso tenha qualidade e professores capazes de preparar esses futuros profissionais para um mercado cada vez mais competitivo e que exige profissionais com muitas competências."

Mas Laerte lembra que a questão da qualidade não precisa ser refletida de forma negativa para o público externo. "Não é porque o curso é gratuito que necessariamente ele tem de ser ruim. Se o corpo docente é o mesmo e a grade curricular é mantida, não vejo maiores problemas com relação à qualidade ou até mesmo à credibilidade desses cursos no mercado."

Por outro lado, o presidente do Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação (Ipae) e da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT), João Roberto Moreira Alves, defende que a decisão pode inclusive melhorar os índices da instituição.

"Oferecer cursos gratuitos em universidades privadas tem um viés de marketing, sem dúvida, mas mais do que isso, se torna uma ferramenta importante para que a instituição possa selecionar os melhores ingressantes entre todos os que prestaram o seu vestibular, e assim, com alunos mais bem preparados, conseguir melhores avaliações no Enade [Exame Nacional de Avaliação de Desempenho de Estudantes]", avalia.

A opinião é avalizada por analistas do mercado que ressaltam que, em alguns casos, entrar nesses cursos gratuitos é muito mais difícil do que prestar e ser aprovado no vestibular de uma universidade pública. Há cursos gratuitos em que a relação candidato/vaga se aproxima de 50 candidatos para cada vaga .

"Se a instituição tiver a preocupação em transformar sua oferta em uma vitrine capaz de melhorar o seu desempenho nas avaliações do Ministério e seus alunos em exemplos de profissionais bem sucedidos, essa é uma estratégia que vale a pena ser realizada e o custo- benefício final é excelente", diz João Moreira Alves.

No final das contas, o importante é avaliar os prós e os contras em cada caso. Instituições menores, com poucos cursos, dificilmente conseguiriam custear uma turmar inteira. Já as instituições maiores, que veem como decisão estratégica manter os cursos de baixa procura, podem se beneficiar da estratégia.


-
  • Enviar para amigo
  • Imprimir
  • Link:

Enviar notícia para amigo






www.profeliana.com.br
Todos os direitos reservados
Verificando usuário e senha