Os seres humanos são mais felizes quando fazem a coisa que intuitivamente acham certo - sobretudo quando fazem o bem uns para os outros. A novidade é que isso também ajuda as pessoas a superar dificuldades, não apenas em nível individual, mas em nível comunitário e social. As comunidades que mantêm a coesão e fazem o bem uns para os outros lidam melhor com as crises e são mais felizes no geral. Essa maior resistência aos contratempos pode ser em parte explicada pelo fato de que os seres humanos são mais do que simplesmente seres sociais - nós somos seres "pró-sociais".
Sentimento de comunidade
Essas são conclusões de trabalho inédito realizado pela equipe do Dr. John Helliwell, da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá. Segundo eles, nossa felicidade vem não só de fazer as coisas "junto" com os outros, mas de fazer as coisas, ao mesmo tempo, "com e para os outros". "As comunidades e as nações com melhor o capital social - em outras palavras, com as melhores redes sociais, normas sociais e elevados níveis de confiança mútua - respondem às crises e transições econômicas de forma mais feliz e mais eficaz," escrevem os pesquisadores.
O melhor dos seres humanos
Helliwell e seus colegas alcançaram essa perspectiva mais ampla examinando a felicidade média nacional nos países da OCDE após a crise financeira de 2008 e agrupando os países de acordo com seus níveis de felicidade. O grupo que apresentou aumento da felicidade inclui países que optaram por políticas para melhorar o bem-estar de seus habitantes - como a Coreia do Sul, por exemplo.
O grupo com queda da felicidade inclui os países mais atingidos pela crise e por suas repercussões posteriores na zona do euro. Neste grupo, o capital social e outros suportes fundamentais para a felicidade foram seriamente atingidos pelas medidas adotadas para fazer frente à crise. Os autores encerram sua análise alinhavando as duas perspectivas, individual e nacional.
Segundo eles, o objetivo central da política pública deve ser o de facilitar o desenvolvimento de instituições que tirem o melhor dos seres humanos. Esta é também a visão articulada por Elinor Ostrom, primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Economia, falecida no ano passado.