Notícia

22/07/2013

Hífen é motivo de embaraço

Baseado no texto de Aldo Bizzocchi (2013)

Segundo BIZZOCCHI (2013) de todos os aspectos da grafia do português, um dos que mais causa embaraço é o uso do hífen, ele costuma ser de uso difícil em quase todas as línguas que o adotam. O hífen se usa basicamente em palavras compostas, é dito basicamente, porque temos casos como "amá-lo" e "dê-me", em que o hífen une palavras independentes das quais uma não tem autonomia prosódica, por ser sempre átona. Quando duas palavras simples se unem definitivamente para formar uma composta, isso costuma ser indicado na grafia de duas maneiras: pela justaposição pura e simples "parapeito", "girassol" ou pela união com hífen "guarda-chuva", "bem-aventurado". Porém identificar quando esta perante uma palavra composta e não de duas palavras simples não é tão fácil quanto se parece especialmente quando as palavras compostas de forção recente isso porque as unidades combinatórias de uma língua disponibilizam formar seus enunciados dois tipos de inventário: os fechados, que contêm número finito e muitas vezes permanente de unidades como fonemas, afixos, desinências; e os abertos, formados de elementos altamente instáveis, não raro irrepetíveis, cuja quantidade tende ao infinito aqui se encontram os sintagmas, as orações, as frases, os parágrafos e os textos.As palavras se localizam bem na fronteira entre esses dois tipos de inventários. São em quantidade finita, mas estamos sempre agregando novos termos ao vocabulário, e muitas palavras as compostas surgem da combinação de outras palavras. Dito de outra maneira, as palavras estão no limite entre a morfologia, que é fechada, e a sintaxe, que é aberta.

       Segundo Pottier (2013,apud BIZZOCCHI,2013)  as unidades linguísticas guardadas na memória, que podemos acionar a qualquer momento para criar mensagens, se chamam lexias. Uma lexia pode ser  simples "casa", composta "guarda-chuva", complexa "processamento de dados" ou textual "Deus ajuda a quem cedo madruga". A composição é, em geral, um lento processo que começa pelo encontro eventual de duas lexias simples, por exemplo, a primeira vez que alguém combinou numa frase as lexias "aquecimento" e "global". A repetição sistemática dessa combinação faz dela uma unidade memorizada, mas cujos constituintes ainda são sintaticamente autônomos - por exemplo, posso flexionar no plural "aquecimentos globais" ou intercalar outros elementos "aquecimento não global". Trata-se da lexia complexa. 

        Segundo BIZZOCCHI(2013) com o passar do tempo, os constituintes de algumas dessas lexias perdem a autonomia sintática: é então que a lexia passa de complexa a composta. Uma das características da lexia composta é que seu significado não é a simples soma dos significados de seus constituintes: "mesa-redonda", no sentido de reunião, não é a mesma coisa que "mesa redonda", móvel de formato circular. Portanto, um bom método para determinar se uma lexia é composta ou complexa é chamado de critério semiotáxico. Por meio dele, é possível provar que "pé-de-meia" dinheiro poupado é lexia composta e "pé de meia" peça de vestuário é complexa. Também é possível provar que "cartão-postal", malgrado a presença do hífen, é complexa e não composta. Infelizmente, as novas regras de emprego desse sinal desconsideraram tal critério e transtornaram a grafia das palavras. 
Apesar desse intrincado processo de composição, algumas palavras já nascem compostas. É o caso de "social-democrata" e "greco-romano". Há também palavras cuja noção de composição se perdeu porque alguns de seus constituintes sofreram mutação fonética radical, como "fidalgo", que já foi "filho de algo" (lexia complexa) e hoje é palavra simples. Em resumo, se uma palavra é composta deveria ser grafada com hífen ou justaposição; se é complexa, seus constituintes deveriam vir separados por espaços. Resta saber quando empregar o hífen ou a justaposição. O português tem uma série de regras, algumas bem complicadas e pouco lógicas, sobre essa questão. Mais simples nesse tocante é o alemão, que justapõe sempre e dispensa o hífen.


  • Enviar para amigo
  • Imprimir
  • Link:

Enviar notícia para amigo






www.profeliana.com.br
Todos os direitos reservados
Verificando usuário e senha