Não, não é de soja, nem geneticamente modificada, nem tem aditivos químicos, nem envolve clonagem… Segundo o professor Mark Post e sua equipe da Universidade de Maastricht, na Holanda, trata-se de um grupo de células musculares bovinas nutridas e multiplicadas em laboratório. 100% aquela-velha-carne-de-vaca-que-você-tanto-gosta. Dois voluntários provaram o hambúrguer de laboratório pela primeira vez hoje, em Londres. E a única diferença que eles identificaram é que a carne não tem aquele gostinho de gordura.
Funciona assim: depois de retiradas do animal, as células são abastecidas com nutrientes e se multiplicam até formarem tecido muscular em forma de fiozinhos (biologicamente idêntico ao tecido natural). São necessários 20.000 desses fiozinhos para se fazer um hambúrguer. E, claro, sal, ovo e farinha, igual ao hambúrguer normal. A receita também leva suco de beterraba e açafrão pra dar uma corzinha.
Mas, gente, qual é a necessidade disso? Bom, a resposta a gente já conhece bem. Mas os cientistas que inventaram o processo fornecem alguns dados que evidenciam ainda mais o problema da pecuária num futuro próximo.
Em algumas décadas, chegaremos a 9 bilhões de pessoas vivendo na Terra. Isso significa que todo o impacto ambiental e todos nossos problemas com produção de alimentos que temos agora crescerá enormemente. E a carne é um dos maiores desses problemas. Hoje em dia, 70% da nossa produção agrícola já é dedicada à pecuária e a produção de carne de boi causa ~15% das emissões anuais de gases responsáveis pelo efeito estufa. Em 2050, estima-se que a demanda de carne crescerá em 73% transformando os problemas atuais em PROBLEMÕES.
Esse hambúrguer não está nos mercados (e ainda vai levar um tempo), mas, segundo o professor Post e sua turma, ele tem o mesmo gosto e textura de um hambúrguer comum. O maior empecilho é um do qual sofre a maioria das novas ciências: o preço. A produção de um bolinho de carne desses custa mais de €250,000.
E olha só: células de uma única vaca podem produzir 175 milhões de hambúrgueres de 110g. Atualmente, 440.000 vacas produzem o mesmo. A nova técnica reduziria o espaço necessário para a produção de carne bovina em 99%.